domingo, 14 de junho de 2009

Para isso fomos feitos...



(...) Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes


É chegou a hora de dissertar sobre nossa passagem dessa vida, assunto não muito agradável de se falar. Mas aqui é para escrever sobre o que eu sinto e vejo, e nos últimos dias eu fui obrigada a encarar a morte de uma pessoa muito querida na minha vida, e ainda é difícil para mim não pensar e sentir isso.

Se existe uma palavra, que o ser humano teme e evita o máximo que pode durante sua existência, essa palavra é "morte". Não é fácil para nenhum de nós lidarmos com o desconhecido e com o inexplicável. É aquela velha mania que possuímos de querer entender tudo, mas se tem algo que não pode ser entendido é a morte. Algumas religiões tentam justificá-la, explicá-la, tornar esse assunto menos doloroso. Mas quando se está diante dela nunca é fácil, nunca faz sentiddo e sempre é doloroso.
E até que eu tive que presenciar isso tão de perto eu não tinha noção de como essa dor é tão diferente de qualquer outra que sentimos em nossa vida. Não é aquela dor forte que fica por um tempo e vai embora, é diferente, constante, mantém nosso peito apertado continuamente e nos deixa sempre a ponto de querer chorar. Mas não vou me prender a isso, não estou aqui para reclamar e nem descrever a dor que a morte me causou, até porque é impossível descrevê-la.

Na verdade, estou aqui para mais uma vez concordar com o maior poeta e ser humano de quem já ouvi falar, Vinicíus de Moraes. É para isso que fomos feitos, "para lembrar e ser lembrados" ja dizia nosso poetinha. De certo na vida só a morte, no final somos todos iguais, ricos, pobres, bons, maus, influentes ou insignificantes, nosso final é o mesmo, somos todos iguais.
Mas e se esse não é fim? E se esse é só o recomeço. A morte para Vinicius não era o fim, (da morte apenas nascemos) era nascimento, um imenso nascimento.

Pensar desse modo não resolve tudo e claro não erradica a dor, mas conforta saber que um ente querido está começando uma nova vida agora, uma vida para a eternidade. Esse texto é para te abradecer, obrigada Vinicius de Moraes, você tornou tudo menos difícil agora!

Um comentário:

Carol disse...

A morte é realmente a coisa mais natural, e na verdade não é o oposto da vida, é simplesmente o complemento dela, como a luz e a escuridão. Mas acho que eu ainda nao a vi muito de perto pra ter uma opinião mt formada.