segunda-feira, 24 de maio de 2010

Pergunte pro seu orixá, amor só é bom se doer.



Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não
- Vinicius de Moraes -


Lendo esse texto, além da óbvia admiração que eu sempre sinto ao ler qualquer coisa de Vinícius, confesso que também senti um pouco de inveja dele. Inveja dessa coragem e dessa capacidade enorme que o Vinícius tinha de amar, amar sem limites, e de se expor aos riscos e a dor do amor. O amor faz sofrer é claro, e tanto é que a literatura romântica provalvemente não teria a mesma genialidade e o mesmo charme se não fosse o sofrimento amoroso. Aliás, acho que não só a romântica, acho que sem isso toda a literatura se tornaria mais pobre. E ele sabia disso melhor do que ninguém, e com essa certeza disse que "todo grande amor só é bem grande se for triste". Ah! Vinicius que problema você me arrumou! Entrelaçou irremediavelmente meu maior desejo (amar) com meu maior medo (sofrer). Minha sorte é que esse poetinha é mesmo um gênio, e até pra tristeza ele achou solução, porque ele também soube dizer que "a tristeza tinha sempre uma esperança, de um dia não ser mais triste". É, eu bem que queria ter esse dom, de ver esperança na tristeza. Coisa pra poucos, coisa de poeta eu acho. Mas deve ser bom né?
De quaquer modo, já aprendi muito com o Vinícius, muito sobre o amor, muito sobre amar, muito sobre sofrer e consequentemente como ele mesmo dizia, muito sobre viver.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Não ser só mulher, mas ser uma grande mulher.


Constantemente me deparo com a dualidade entre o tipo de mulher que eu admiro e tenho como exemplo e as mulheres que são cultuadas pela sociedade, principalmente pelos homens nos dias de hoje.

Após anos e anos de luta feminista, de gritos por igualdade entre sexos, hoje a mulher finalmente trabalha, é dona do seu próprio corpo, escolhe com quem transa, se quer ou não engravidar e o quer ou não fazer da vida. É, conquistamos a nós mesmas e também ao mundo. E isso não é papo feminista de mulher frustrada. Isso é sério, é só olhar ao seu redor. E o mais importante, fizemos tudo isso, ganhamos o mundo, sem abdicar de nenhuma das funções que nos era atribuída anteriormente. Trabalhamos, somos presidentes, governadoras, atrizes, escritoras, altas executivas e ainda assim, continuamos grandes mães, grandes donas de casa e ainda encontramos tempo para ficarmos lindas, cheirosas e bem arrumadas. Uma mulher hoje faz perfeitamente bem praticamente tudo que um homem faz (digo praticamente porque nós ainda não somos capazes de matar uma barata, ou até somos, mas fingimos que não pra deixar eles pensarem que são mais fortes e corajosos que nós). Até a arte da traição que sempre foi uma característica masculina hoje é executada com muita sutileza e malandragem pelas mulheres. Em contrapartida, tente achar um homem que consiga cuidar de um lar ou de um filho ou de sua própria aparência tão bem quanto nós. Estamos no topo do mundo, dominamos tudo, certo?
Infelizmente não. A realidade infelizmente ainda é outra. Principalmente porque aparentemente todas essas conquistas se tornam ínfimas perto de um belo par de seios (geralmente siliconizados, é claro).

Me entristece muito, notar que qualquer mulher brasileira que se destaque de alguma maneira, seja ela atríz, cantora, escritora, atleta, no final essa mulher é sempre reduzida a capa de uma revista masculina. Não sou, e nem nunca fui moralista, e não tenho problema nenhum com a nudez em capas de revista, muito pelo contrário. O meu problema é ver a mulher ser reduzida a somente isso, somente aparência. Um simples objeto de prazer enquanto ela pode ser muito mais que isso, se tornar um símbolo sexual enquanto ela pode ser um exemplo pra milhões de outras mulheres que querem ser grandes como ela. Ter adjetivos como 'gostosa', 'peituda', enquanto ela pode ser considerada 'inteligente', 'admirável'. É deprimente ver os homens ignorando todas essas maravilhas numa mulher, e mais deprimente ainda ver que muitas mulheres aceitam e se submetem a esse tipo de pensamento.

Quero viver em um dia onde a primeira pergunta que alguém faça a uma mulher bonita e bem sucedida não seja "e aí, quando posa nua?" e sim "Qual é sua história? Quanto você lutou pra chegar até aqui?". O dia em que isso acontecer, aí sim acho que a luta feminista terá alcançado seu auge, e as grandes mulheres que tanto conquistaram minha admiração e inspiram a todo o mundo vão enfim ter paz.

Obs: Foto do ensaio da Fernanda Young pra playboy, porque ela sim é linda, inteligente, brilhante, gostosa, enfim UMA GRANDE MULHER. E só não foi um sucesso de vendas porque tem muito homem idiota e vazio nesse país.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

E vem aí mais um ano de eleição.


É, 2010 está aí. Para muitos apenas mais um ano de eleição e falsas promessas, para outros nem isso, apenas ano da copa do mundo. Mas para mim, esse sempre foi o ano que eu sempre aguardei ansiosamente que chegasse.! Desde os meus 10 anos eu sonho com o dia em que eu finalmente poderia votar, poderia finalmente expressar meus ideais de forma concreta e finalmente poderia fazer juiz as inúmeras pessoas que perderam suas vidas e foram torturadas durante a ditadura para que hoje eu tivesse direito a esse voto, a essa democracia (Não que eles tenha conquistado isso, mas eles tentaram, mataram e morreram por isso). Ah quantas utopias! Quanta ingenuidade!
Aqui estou eu, titulo de eleitor em mãos, poucos meses para as eleições, coligações feitas, candidatos definidos e tudo que eu sinto é um completo vazio. Um vazio que alterna com momentos de ódio, nojo e também tristeza. Tristeza por viver em um dos países mais corruptos do mundo, no meio de um povo que parece não se importar e que troca seu voto por esmola, no meio de uma juventude que não consegue ter forças pra lutar contra isso justamente porque todas as nossas utopias estão mortas. E principalmente triste porque não há nada que eu possa fazer pra mudar isso, embora eu deseje isso com todas as minhas forças.
O que eu farei com meu voto? Sinceramente? Eu não faço a menor ideia. Mas espero de coração que todos vocês pensem bem sobre ele, não votem em qualquer candidato só porque alguém disse pra você votar. Conheçam suas opções, busquem, procurem. Porque infelizmente, por enquanto essa é a única arma que temos e precisamos saber usá-la.