terça-feira, 30 de junho de 2009

"Bosta de carência básica infantil, que nos torna para sempre patéticos, jamais capazes de vencer essa necessidade, sozinhos, de alcançar o amor. O amor, o amor, o amor. Vá para a puta que o pariu o amor. Todo esse imperativo de amar é puro masoquismo. De ser amado, mero sadismo."

Fernada Young


Grande mulher é Fernanda Young, grande roteirista, grande escritora, grande atriz. Tá entre as poucas mulheres do mundo que eu realmente admiro e respeito. Mas sinceramente, a despeito de toda a dor que o amor pode vir a te causar (e com certeza ele vai), acho que ela tem muito o que aprender ainda sobre o amor.


Obs: Texto em toda paradoxo com o anterior, sim eu sei! Mas o que posso fazer se estou amando, e amor é feito de fases. E além do mais quer algo mais paradoxal do que o próprio sentimento de amar?

domingo, 21 de junho de 2009

- Fala comigo!

Mas sua única resposta era o silêncio.

- Fale-me dos seus sentimentos, eu sou tão sincera com você, seja também comigo.

Mas só o que recebia era a indiferença

- Eu te amo tanto, você foi tão decisivo na minha vida. Não é possível não tenha significado nada pra vocês.

O desprezo passava na sua garganta.

E ela cansou... amor, sofreu, mas diferente do que o poeta achava, ela não viveu. E sim perdeu sua vida por esse amor.

Mas se quem não morre de amor, dele não merece viver.
Só me pergunto como conseguir encontrar a vida, sem ter morrer da dor de amor.

domingo, 14 de junho de 2009

Para isso fomos feitos...



(...) Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes


É chegou a hora de dissertar sobre nossa passagem dessa vida, assunto não muito agradável de se falar. Mas aqui é para escrever sobre o que eu sinto e vejo, e nos últimos dias eu fui obrigada a encarar a morte de uma pessoa muito querida na minha vida, e ainda é difícil para mim não pensar e sentir isso.

Se existe uma palavra, que o ser humano teme e evita o máximo que pode durante sua existência, essa palavra é "morte". Não é fácil para nenhum de nós lidarmos com o desconhecido e com o inexplicável. É aquela velha mania que possuímos de querer entender tudo, mas se tem algo que não pode ser entendido é a morte. Algumas religiões tentam justificá-la, explicá-la, tornar esse assunto menos doloroso. Mas quando se está diante dela nunca é fácil, nunca faz sentiddo e sempre é doloroso.
E até que eu tive que presenciar isso tão de perto eu não tinha noção de como essa dor é tão diferente de qualquer outra que sentimos em nossa vida. Não é aquela dor forte que fica por um tempo e vai embora, é diferente, constante, mantém nosso peito apertado continuamente e nos deixa sempre a ponto de querer chorar. Mas não vou me prender a isso, não estou aqui para reclamar e nem descrever a dor que a morte me causou, até porque é impossível descrevê-la.

Na verdade, estou aqui para mais uma vez concordar com o maior poeta e ser humano de quem já ouvi falar, Vinicíus de Moraes. É para isso que fomos feitos, "para lembrar e ser lembrados" ja dizia nosso poetinha. De certo na vida só a morte, no final somos todos iguais, ricos, pobres, bons, maus, influentes ou insignificantes, nosso final é o mesmo, somos todos iguais.
Mas e se esse não é fim? E se esse é só o recomeço. A morte para Vinicius não era o fim, (da morte apenas nascemos) era nascimento, um imenso nascimento.

Pensar desse modo não resolve tudo e claro não erradica a dor, mas conforta saber que um ente querido está começando uma nova vida agora, uma vida para a eternidade. Esse texto é para te abradecer, obrigada Vinicius de Moraes, você tornou tudo menos difícil agora!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Não entendendo com Clarice

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma bênção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo." Clarice Lispector.



Como um simples texto pode definir tão bem o estado de espírito de um ser humano? É fascinante, a arte e seus misteriosos poderes...

O fato é que Clarice Lispector tinha um dom que eu sempre sonhei ter, ela não só sente a alma humana, ela penetra nela, a analisa, a decifra e consegue, como ninguém descrevê-la. E hoje ao ler esse trecho dela tive a oportunidade de sentir Clarice penetrando em minha mente de maneira que talvez nem eu mesma já tenha feito... Essa fantástica mulher me fez pensar sobre o porque eu me preocupava tanto em entender, analisar e criticar tudo e todos ao meu redor. Por que simplesmente não entender? Vivemos reclamando do nosso excesso de limites, que precisamos de liberdade, de espaço e em total paradoxo exigimos diariamente da vida respostas que nos faça entendê-la. Mas para que entender, se a dúvida abre meus caminhos para o novo, para o desconhecido, e para nossa tão almejada liberdade, o não entender abole todos os limites!

Cansei-me dessa obsessão somente pelo que é compreensível e racional. Agora quero ser como Clarice, quero não entender, e talvez apenas entender que não entendo.

Esse blog é para isso, para o meu não entendimento, para os que acham que talvez possam me entender, e para os que juntos a mim e Clarice já não se preocupam mais com o entender.